natural qualquer coisa

tive direito aos dias mais felizes da minha vida. tudo porque te despiste da vida que levas lá fora para vestir a pele que tenho guardada para ti.
aos olhos de quem não nos sente e não sente o que sentimos, esta troca pode parecer abusiva. muito em nós pode parecer fruto de violações regulares. mas não é.
não é, pois não?

acredito que seja natural tu abdicares do teu sono para que possamos partilhar o tempo que dormimos. e é natural quereres falhar menos, já não apenas por ti, mas agora por ti e por mim. e é natural eu querer fazer o mesmo. é natural querermos descobrir a retribuição. e a parceria. e o companheirismo. e é natural querermos manter as vidas que tinhamos com as vidas que temos com as vidas que queremos ter. e é natural serem vidas a mais para andarem de mãos dadas. e é natural não abdicares do teu prazer. mesmo quando parece que o fazes. e é natural querermos estar sempre em êxtase. é natural masturbarmo-nos com o outro dentro de nós. eu faço-o. agarro-me a versões maleáveis de ti, descubro a dureza que me provocas, e num jogo de mole e duro expludo com a certeza que foste o responsável por imprimir o ritmo, a temperatura, a ausência de realidade quando o único foco é o nosso prazer e a simulação da tua presença.

já só me falta perceber que pele tens guardada para mim. mas é dessa ansiedade que me proponho viver. todos os dias da minha vida. com a nossa naturalidade.

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